Eu vejo o que se faz, hoje, em nome da fé. As pessoas realizam simbiose de templos e doutrinas, elas não criam raiz em canto algum, são desalojados por opção, alimentam-se daquilo que lhes satisfaz os apetites do ventre, um tipo de mensagem que seja conveniente.
Ah, se elas soubessem o que isso produz na consciência...
É a alquimia religiosa tentando unir crenças tão distintas e irreconciliáveis que o produto final é um frankstein. Esse monstro, pasmem, se alimenta de uma matriz de convicções bizarras, costurada grosseiramente para dar forma a uma espiritualidade anômala.
Depois de certo tempo, o sujeito não fala mais coisa com coisa, está massificado por tantas mensagens que ouviu, com tantas ênfases distintas, que a alma se vicia em espasmos emocionais, é a necessidade de saciar a síndrome de abstinência do pseudo sagrado, a dependência criada pela catarse e pela manipulação.
Como qualquer outro vício, o viciado espiritual sofre de ansiedade de alma, precisa de uma divindade mágica que lhe torne o viver possível.
No estágio seguinte, sua mente passa a ser habitada por sofismas e crendices, ele vê fantasmagorias no cotidiano, o diabo assume o papel de protagonista, está em tudo e em todos, o indivíduo converte-se num injustiçado debaixo do sol, o mundo lhe arma ciladas.
Daí para frente vem à destruição da psique e do equilíbrio. Nosso Quixote passa a lutar com seres imaginários, entra na dita “batalha espiritual”, usa pirotecnia das cartilhas dos ghostbuster contra as potestades do mal. O diabo dá gargalhadas! É como tentar matar escorpião com farinha.
Triste, mas absolutamente real!
Encontro gente assim todo dia, marcada pelo desânimo e recondicionada de coração, são os filhos da desilusão que, ao final, é só o que tudo isso produz. Desgraçadamente, eles foram abortados pelo misticismo religioso, mas jamais paridos em fé e amor pelo Evangelho.
Carlos Moreira
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