Na próxima quinta-feira estarei sendo
ordenado presbítero da Igreja Episcopal Carismática do Brasil. O arcebispo
Paulo Garcia, que oficiará a cerimônia, é como um Pai, tem me ajudado e servido
de referência desde minha conversão.
Na verdade, atuo como pregador do Evangelho
há pelo menos 25 anos. Mas, do ponto de vista da instituição formal, só fui
ordenado diácono em 2004. Canonicamente, deveria ter sido consagrado presbítero
logo em seguida, mas toda vez que o assunto surgia eu acabava me esquecendo, e,
assim, passaram-se 7 anos...
De fato, sempre acreditei que é Deus quem
levanta homens e os capacita para a obra do ministério. Por isso nunca me
preocupei em “costurar” ou “viabilizar” de alguma forma minha ordenação, sequer, tratei deste assunto com quem quer que fosse. Se hoje sou pastor, posso
dizer, é pela vontade de Deus e pela imposição de mãos dos homens.
Como faço parte de uma Igreja de linha
reformada – litúrgica, sacramental e carismática – que guarda a herança do
cristianismo anglicano, procurei observar com atenção os detalhes da cerimônia
para não fazer feio no dia. Foi desta forma que vi que existe um momento
simbólico onde o presbítero recebe 3 elementos bastante significativos: uma
Bíblia, a Estola Sacerdotal e um Crucifixo.
Bem, a Bíblia eu já possuo. Ganhei a
primeira quando tinha 10 anos, de minha mãe. Hoje existe uma dezena delas na minha biblioteca. Aprendi a amá-la e utilizá-la para
comunicar as verdades do Evangelho. Como ministro já ordenado, também tenho Estolas Sacerdotais, com as cores litúrgicas. Elas apontam simbolicamente para o fato de
que eu estou cingido com o jugo de Cristo, ou seja, preciso carregar na
consciência e no coração o fato de que o ministério nunca deve deixar de ser algo leve e
suave, apesar de todas as dificuldades que lhe são inerentes.
Quanto ao crucifixo, dependendo do ramo da
Igreja, pode assumir vários significados, sobretudo porque a cruz é um símbolo
muito antigo e, ao contrário do que alguns pensam, não é patente dos cristãos. Para mim, todavia, a cruz que irei receber terá o propósito de trazer
sempre a minha memória que foi o sacrifício de Jesus, através de sua morte, que
proporcionou aos homens a possibilidade de se reconciliarem com Deus.
Pois bem, como eu não tenho um crucifixo,
fui hoje comprar um. Depois de ir a várias joalharias, e não me agradar de
nada, resolvi visitar uma loja da Igreja Católica Romana onde existe farto
material litúrgico. Lá encontrei um crucifixo muito bonito, mas com uma questão
incômoda: havia nele a figura de Cristo pregada na cruz.
Ora, eu sou hoje um dos maiores defensores
do retorno dos símbolos à Igreja. Os protestantes, sobretudo no Brasil, baniram
de suas paróquias e congregações toda a beleza litúrgica por não quererem
qualquer semelhança com os Católicos Romanos. Pura tolice, em minha opinião. Jogar
fora 2.000 anos de tradição e história da Igreja por causa de algo tão pequeno
e mesquinho chega a ser insano. Mas, fazer o quê?
Comprei o crucifixo, pois o achei de uma
beleza incomparável, mas o meu Jesus não está pregado na cruz, ressuscitou, e
isto para mim tem implicações profundas e um poderoso significado. Desta forma,
lancei-me a tarefa de “descolar” aquele outro “Jesus” da cruz.
Com um objeto pontiagudo, fiz uma ligeira
pressão sobre a peça e, tomado de surpresa, tive de agarrar “Jesus” com uma das
mãos, pois “ele” praticamente “saltou” da cruz, como se quisesse se desprender
dali há tempos...
Foi uma cena cômica, e eu comecei a rir
descontroladamente. Fiquei imaginando a “agonia” daquele “Jesus” pregado
naquele crucifixo desde o dia em que ele foi feito pelo artífice. Acho que
minha atitude pôs fim ao seu grande tormento. Nunca imaginei que, um dia, iria
arrancar “Jesus” da cruz!
Em toda essa história, verídica, diga-se de
passagem, há duas lições preciosas. A primeira, é que Jesus foi crucificado e,
naquele madeiro, ficou preso até a morte, só sendo retirado de lá depois de ter
sangrado e agonizado pelos pecados de todos os homens em todos os tempos. A segunda
é que a morte não pôde retê-lo, pois ele ressuscitou ao terceiro dia, como
havia dito, deixando tanto a cruz quanto o túmulo vazios.
“Fui crucificado com Cristo. Assim, já não
sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho
de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Gl.
2:20.
Eu, não raras vezes, esqueço que estou crucificado com
Cristo, “desprego-me” da cruz, e começo a viver conforme a minha própria vontade.
Ele, todavia, tomou sobre si a minha iniqüidade, incluiu-me na sua morte para
que eu pudesse usufruir da sua vida, do poder da sua ressurreição, pois pela fé
estou assentado com ele nos lugares celestiais e nada, nem ninguém, pode me remover de lá ou alterar o que ele fez por mim.
Carlos Moreira
Carlos Moreira
1 comentários:
Olá
Como foi sua quinta-feira?
Abraço.
Patrícia
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