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13 julho 2011

Arranquei Jesus da Cruz!


Na próxima quinta-feira estarei sendo ordenado presbítero da Igreja Episcopal Carismática do Brasil. O arcebispo Paulo Garcia, que oficiará a cerimônia, é como um Pai, tem me ajudado e servido de referência desde minha conversão.

Na verdade, atuo como pregador do Evangelho há pelo menos 25 anos. Mas, do ponto de vista da instituição formal, só fui ordenado diácono em 2004. Canonicamente, deveria ter sido consagrado presbítero logo em seguida, mas toda vez que o assunto surgia eu acabava me esquecendo, e, assim, passaram-se 7 anos...

De fato, sempre acreditei que é Deus quem levanta homens e os capacita para a obra do ministério. Por isso nunca me preocupei em “costurar” ou “viabilizar” de alguma forma minha ordenação, sequer, tratei deste assunto com quem quer que fosse. Se hoje sou pastor, posso dizer, é pela vontade de Deus e pela imposição de mãos dos homens.

Como faço parte de uma Igreja de linha reformada – litúrgica, sacramental e carismática – que guarda a herança do cristianismo anglicano, procurei observar com atenção os detalhes da cerimônia para não fazer feio no dia. Foi desta forma que vi que existe um momento simbólico onde o presbítero recebe 3 elementos bastante significativos: uma Bíblia, a Estola Sacerdotal e um Crucifixo.

Bem, a Bíblia eu já possuo. Ganhei a primeira quando tinha 10 anos, de minha mãe. Hoje existe uma dezena delas na minha biblioteca. Aprendi a amá-la e utilizá-la para comunicar as verdades do Evangelho. Como ministro já ordenado, também tenho Estolas Sacerdotais, com as cores litúrgicas. Elas apontam simbolicamente para o fato de que eu estou cingido com o jugo de Cristo, ou seja, preciso carregar na consciência e no coração o fato de que o ministério nunca deve deixar de ser algo leve e suave, apesar de todas as dificuldades que lhe são inerentes.

Quanto ao crucifixo, dependendo do ramo da Igreja, pode assumir vários significados, sobretudo porque a cruz é um símbolo muito antigo e, ao contrário do que alguns pensam, não é patente dos cristãos. Para mim, todavia, a cruz que irei receber terá o propósito de trazer sempre a minha memória que foi o sacrifício de Jesus, através de sua morte, que proporcionou aos homens a possibilidade de se reconciliarem com Deus. 

Pois bem, como eu não tenho um crucifixo, fui hoje comprar um. Depois de ir a várias joalharias, e não me agradar de nada, resolvi visitar uma loja da Igreja Católica Romana onde existe farto material litúrgico. Lá encontrei um crucifixo muito bonito, mas com uma questão incômoda: havia nele a figura de Cristo pregada na cruz.

Ora, eu sou hoje um dos maiores defensores do retorno dos símbolos à Igreja. Os protestantes, sobretudo no Brasil, baniram de suas paróquias e congregações toda a beleza litúrgica por não quererem qualquer semelhança com os Católicos Romanos. Pura tolice, em minha opinião. Jogar fora 2.000 anos de tradição e história da Igreja por causa de algo tão pequeno e mesquinho chega a ser insano. Mas, fazer o quê?

Comprei o crucifixo, pois o achei de uma beleza incomparável, mas o meu Jesus não está pregado na cruz, ressuscitou, e isto para mim tem implicações profundas e um poderoso significado. Desta forma, lancei-me a tarefa de “descolar” aquele outro “Jesus” da cruz.

Com um objeto pontiagudo, fiz uma ligeira pressão sobre a peça e, tomado de surpresa, tive de agarrar “Jesus” com uma das mãos, pois “ele” praticamente “saltou” da cruz, como se quisesse se desprender dali há tempos...

Foi uma cena cômica, e eu comecei a rir descontroladamente. Fiquei imaginando a “agonia” daquele “Jesus” pregado naquele crucifixo desde o dia em que ele foi feito pelo artífice. Acho que minha atitude pôs fim ao seu grande tormento. Nunca imaginei que, um dia, iria arrancar “Jesus” da cruz!

Em toda essa história, verídica, diga-se de passagem, há duas lições preciosas. A primeira, é que Jesus foi crucificado e, naquele madeiro, ficou preso até a morte, só sendo retirado de lá depois de ter sangrado e agonizado pelos pecados de todos os homens em todos os tempos. A segunda é que a morte não pôde retê-lo, pois ele ressuscitou ao terceiro dia, como havia dito, deixando tanto a cruz quanto o túmulo vazios.

Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Gl. 2:20.

Eu, não raras vezes, esqueço que estou crucificado com Cristo, “desprego-me” da cruz, e começo a viver conforme a minha própria vontade. Ele, todavia, tomou sobre si a minha iniqüidade, incluiu-me na sua morte para que eu pudesse usufruir da sua vida, do poder da sua ressurreição, pois pela fé estou assentado com ele nos lugares celestiais e nada, nem ninguém, pode me remover de lá ou alterar o que ele fez por mim.

Carlos Moreira 

1 comentários:

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