Uma série de doenças contagiosas
sempre assolou a humanidade desde os seus primórdios. Surtos de Peste Negra
como o de 1347 a
1350 que dizimou boa parte da população européia do mundo medieval deixam em
pânico a sociedade e até bem pouco tempo atrás causaram bastante estrago pelo
mundo a fora.
Algumas dessas doenças podem ser
causadas por bactérias, fungos, protozoários e outras ainda pela ação nociva
dos vírus. Graças a Deus e a sua sublime inteligência manifesta na natureza o
corpo humano é capaz de desenvolver mecanismos de defesa contra os agentes
etiológicos (organismos causadores de doenças) através dos anticorpos.
As células do sistema imunológico
produzem os anticorpos responsáveis por combater as patologias e impedir a
morte do indivíduo infectado. A produção de anticorpos também pode ser colocada
em marcha pela administração de vacinas que estimulam o sistema imunológico no
cumprimento de sua função.
E o que tem o evangelho a ver com
essa pequena aula de biologia? Percebi que aquilo que é bom para o corpo em se
tratando de doenças endêmicas e epidêmicas é ruim para a religião quando se
trata de “pregação do evangelho”. Talvez
você continue perguntando que relação existe entre estas duas coisas.
Eu explico. Enquanto no ser
humano a própria exposição ao agente etiológico é benéfica porque estimula a
produção de anticorpos impedindo a grande mortandade de pessoas afetadas por um vírus ou uma bactéria, no evangelismo
é exatamente o contrário que acontece.
Quanto mais as pessoas forem
submetidas a uma pregação vazia, monótona e sem verdadeiro e profundo
significado espiritual, mais resistente a ela se tornará. Aquilo que estamos
fazendo e intitulando de pregação do evangelho não passa da estimulação do
ateísmo e da proliferação de “anticorpos” contra a própria igreja.
Encontro diariamente com dezenas
de pessoas em todos os lugares que embora mantenham um respeito solene e
nostálgico quanto à pregação evangélica não querem em hipótese alguma
freqüentar uma igreja por que já desenvolveram “anticorpos”, defesas contra a
mensagem pregada por evangelistas entusiasmados que se aventuram debaixo do sol
escaldante do domingo.
Nenhum ser humano sensato e medianamente instruído tolera uma mensagem tão banal como a pregada normalmente pela igreja. Jargões amplamente disseminados por igrejas neopentecostais e tradicionais como “Deus é bom e Jesus é fiel”, “aceite Jesus pra ir morar no céu”, “Deus sabe todas as coisas”, “Jesus tem um plano para a sua vida”, “conta o teu problema a ele”, tudo isso já não surte mais efeito nas pessoas.
Estas frases feitas que deveriam
servir para evangelizar prestam na verdade um desserviço à igreja evangélica
brasileira. O problema é que o homem contemporâneo, acossado pela quebra de paradigmas e pela
confusão pós-moderna, não é atingido por essa mensagem superficial cujos
jargões são repetidos em cultos de oração sem sentido e em treinamento de
evangelistas pouco eficientes.
A igreja está clamando no
deserto, jogando palavras ao vento, atirando em um alvo que não existe, lutando
contra moinhos de vento pensando que são dragões. As pessoas estão dia após dia
se tornando mais invulneráveis a este tipo de mensagem estereotipada e vazia
que comunica apenas tradições eclesiásticas e não o verdadeiro evangelho de
Jesus Cristo.
Certos evangelistas não passam de
caricaturas bizarras de leviatãs eclesiásticos que mesmo pensando que estão
colocando ordem no caos estão apenas destruindo o restinho do que sobrou da
igreja brasileira. Se ainda restava alguma possibilidade de fé no coração das
pessoas estes arautos das frases feitas estão dizimando-a.
Como resolver este problema?
Renovando aquilo que nós chamamos erradamente de igreja, repensando o
evangelho, buscando o seu sentido mais profundo e se arrependendo de ter feito
da estrutura eclesiástica um palco de lutas políticas e currais eleitorais,
derrubando pastores profissionais que destroem o rebanho com as suas mentiras e
voltando ao primeiro amor!
André Pessoa via Século XXI
André Pessoa via Século XXI
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